domingo, 17 de julho de 2011

O Brasil perdeu de 4 x 0


Depois de dois tempos de um futebol sem gols e uma prorrogação sem ânimo, o Brasil enfrentou o próprio Brasil nos pênaltis. Começou batendo para impor respeito, no entanto, o que aconteceu foi uma série de cobranças dignas de pena, passando bem longe do respeito.
A cada cobrança, os jogadores brasileiros pisavam na grama ao redor da marcação do pênalti, preparavam o terreno, mas para a grama, coitada, pareciam pisar com desdém. Sabia que iam culpá-la. Ela seria xingada de grama paraguaia, sem talento para ser grama e que havia sido comprada pelos hermanos argentinos para ferrá-los. Bastava ver as cenas para imaginar os próximos capítulos lamuriosos.
A grama não falava português. O Brasil não falou futebolês. A desgraça estava feita.
Chutando pênaltis como quem arremessa paralelepípedos, cada cobrador maltratou a coitada da bola. O Brasil sai da Copa América goleado por ele mesmo. Parafraseando um certo alguém: “Nunca na história ( futebolística) desse país...”. uma sequência de cobranças chegou ao limite da construção civil. Lembrei dos arremessos de tijolos nas obras. O servente joga para o pedreiro e grita: lá vai!
Antes da Copa América, a imprensa já havia, mais uma vez, eleito o sucessor de Pelé. Neymar estava na capa das principais revistas brasileiras e sorria para as lentes das câmeras fazendo firulas na hora do treino. Falou-se muito do cabelo do jogador, esqueceram de lembrá-lo da importância também do futebol. Neymar, sequer, foi escalado para bater o pênalti salvador. Na hora da glória abre-se os braços e aceita as bajulações. Na hora do vamos ver...cadê? Mais um detalhe a ser lembrado: jogador sozinho não ganha jogo.
O Brasil sai dessa Copa América com grandes lições. A imprensa vende jornal e revistas e exagera muitas vezes pra conseguir isso. Os jogadores devem lembrar da tal humildade.Os jogadores, ou o time todo, ouvem que são bons, aliás, ótimos, e acreditam. Acreditam tanto que esquecem de jogar. Depois culpam o gramado; voltam para medir se as traves têm a metragem correta ou foram adulteradas; culpam  até a pobre da Jabulani . Na hora de enfrentar os repórteres, escapam para seu mundo protegido. Nesse capítulo trágico chamado Copa América, depois da derrota, só Robinho, alguém já calejado pelo futebol, teve coragem de encarar e falar com a imprensa.
O torcedor, comprador de revistas e jornais, quer ouvir o que o time tem para falar. Embora o “grande” feito não possa ser alterado, os repórteres representam o povo e só perguntam o que o povo quer saber. Então mais pé no chão e bola na rede.Depois da derrota, não adianta reclamar.

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