domingo, 31 de julho de 2011

Oh! Lá em casa!


Acabo de ouvir o Cd Arnaldo Antunes Ao Vivo Lá em Casa. Mais um belo trabalho de Arnaldo Antunes. São 14 músicas elétricas, intensas, poéticas, sensoriais, alegres e cheias de eteceteras. Nesse domingo, último dia de férias, nada como um CD dessa qualidade para reanimar alguém que voltará a rotina. Amanhã, estará no carro guiando meus outros rumos.
Todas as músicas são boas, mas não poderia deixar de louvar as regravações de Americana ( Frank Carlos) e Vou Festejar ( Jorge Aragão). Aliás, todas as músicas fazem uma verdadeira festa, um verdadeiro iê iê iê. Não tem como não gostar e dançar.
O CD inicia com a música A Casa é Sua. Uma baladinha para adolescentes já crescidos que tem vergonha de cantarem musicazinhas de adolescentes, mas sentem faltam da inocência dos velhos tempos.Lindinha, assim, toda no diminutivo de tão meiga que é. Para os mais sensíveis e bonitinhos, recomendo essa. Uma música daquelas que você não consegue cantar só uma vez. Gruda na cabeça e você sai cantando. Com muita qualidade, claro.
O CD prossegue com o realismo dos tempos modernos e adultos de Essa mulher , que nos seus versos diz: “ela quer viver sozinha/sem a sua companhia/e você ainda quer essa mulher/ela goza com o sabonete/não precisa de você/ela goza com a mão/não precisa do seu pau”.Isso mesmo, o CD tem música para todos os gostos, mas é certo que as chances de adorá-lo são muitas.
Outro ponto positivo de Ao Vivo lá em Casa são as participações. Entre elas estão Erasmo Carlos e Jorge Benjor misturando-se a mistura maravilhosa de Arnaldo e sua banda. “Deu que colou”! Aqui no Piauí essa expressão cotidiana e popular é usada para definir tudo que misturado ou unido deu muito certo. Lembrei-me disso ao ouvir essas uniões.
Deixo aqui outras surpresas para serem descobertas no momento da audição do CD. Mas já de cara vou dizendo: não tem como não atender qualquer porta artística batida por você Arnaldo. Os que lerem esse texto quem sabe abrirão portas fechadas também. Se resistirem, nada que umas duas audições seguidas não resolva.

Música Meu Coração

Textos e algumas roupas no varal: Luciana Rodrigues 

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Amy se foi e já sabíamos



Não sendo diferente de nenhum fã de Amy Winehouse, já sabia que seu brilhantismo vocal não resistiria por muito tempo. Amy se apresentava cambaleante em quase todos os seus momentos musicais e demonstrava uma fadiga de lucidez que só poderia resultar mesmo em sua morte. Infelizmente, mesmo com todos os seus fãs ávidos por sua voz, Amy se foi.
Espera-se muito para que um talento musical como Amy Winehouse apareça e faça uma diferença marcante em seu tempo. Artistas como Amy, Jimi Hendrix, Janis Joplin não são feitos por uma gravadora e não precisam de coreografias e dançarinos para existirem. Talentos assim, nascem prontos para encantar um novo tempo. Negativamente, vivem bem pouco esse mesmo tempo. O que os assusta? A vida, a fama ou a falta de vida? A única resposta no momento é a certeza cruel da morte anunciada.
São muitas as possíveis especulações sobre o porquê da morte de Amy ou o porquê de sua insistência em desafiar a vida a cada uso desenfreado de drogas. Mas, no momento, essas não são as perguntas que mais importam. Talvez, nem mesmo em seus momentos raros de lucidez, Amy tenha sabido o porquê disso tudo. O fato é que perdemos uma grande artista e sua voz não aparecerá em novas canções. Agora, o que nos resta é a falta, julgamentos não nos valem de nada.
Os jornais e as revistas passam um bom tempo falando da morte de Amy e exaltando seu talento musical. Na verdade, depois desse tempo de luto irracional, o que espero mesmo é que sejamos capazes de enxergar que a insistência no uso de drogas, glamourizado na música  Rehab, de glamour não tem nada. Só funciona na música, só faz brilhar os olhos de quem nunca sofreu por usar drogas ou de quem não tem parentes lutando pela sobriedade na vida. É lamentável a perda de um talento como Amy Winehouse, mas lamentável mesmo é esquecermos que ela foi mais um ser humano perdido para as drogas.
A cada aparição pública, Amy pedia socorro, assim como pedem todos aqueles que estão confusos com a trajetória de suas vidas. O que vendia jornal era a história de uma jovem talentosa, incrivelmente talentosa, que bebia e se drogava. Na verdade, quem estava ali, diante das câmeras, era alguém perdido. Perdido dentro de si e pedindo ajuda. Alguns podem dizer que ela foi ajudada. Eu, muito distante da vida real de Amy Winehouse, só posso perguntar agora: foi mesmo? Ela ,saudável, seria lucrativa para aqueles que supostamente tentaram ajudá-la? Às vezes, egoisticamente, achamos que o poço é sem fundo. Nesse caso, só posso dizer que a fonte secou e ela se foi. O que nos resta são apenas canções.

Ps: Embora não goste de sensacionalismo, acho necessária a divulgação da foto abaixo com a imagem de Amy antes e depois (ordem inversa na foto)do turbilhão das drogas.


Seria egoísta de nossa parte acreditar que ela poderia continuar nos alegrando assim.

domingo, 24 de julho de 2011

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Profissão Repórter


O drama vivido por crianças e adolescentes, que consomem drogas nas ruas das principais capitais brasileiras, foi abordado no programa Profissão Repórter de terça-feira, 20 de julho de 2011. De forma humana, Caco Barcelos e sua equipe de jovens repórteres, tratou de um tema polêmico e quase invisível para a sociedade.
Quem mora em uma grande cidade está acostumado a ver cenas estarrecedoras de crianças consumindo drogas. No entanto, a maior preocupação dos moradores dessas cidades é de não ser vitimado por algum delito praticado por esses jovens. De uma forma egoísta, as pessoas não se comovem com a situação de abandono vivido pelas crianças moradoras de rua e usuárias de drogas; elas passam apressadas, sempre apressadas de mais para perderem tempo.
O programa resolveu enxergar o problema e mostrou jovens agindo de forma descontrolada em crises de abstinência. Chutes, mordidas e cusparadas são suas defesas irracionais contra os profissionais e voluntários dispostos a ajudá-los. Na tentativa de acalmar um jovem recén-chegado ao abrigo, seis profissionais tentam contê-lo, mas a resistência do garoto, acaba deixando um médico exausto; depois de segurá-lo por longo tempo,desiste temporariamente da missão até recuperar as forças.
O programa também mostrou que as crianças moradoras de rua e usuárias de drogas, geralmente, são filhas da própria droga. Mães e pais usuários que deram ao mundo uma nova geração de consumidores. As crianças vindas dessa união também têm o destino de abandono e acabam dando continuidade ao ciclo de horrores.

A situação em que eles se encontram, à princípio, nos faz olhar para esses garotos e garotas com olhos de espanto, depois com um olhar de pena e daqui alguns minutos não é difícil imaginarmos o porquê de muitas famílias os terem abandonados. A força que adquirem quando estão sentindo falta das drogas é espantosa e dos lares que eles fugiram, assim como foi mostrado no programa, geralmente restam apenas avós, cheias de netos abandonados por mães presas e pais assassinados.Como idosas poderiam contê-los?
A situação é complexa e não envolve apenas uma geração de crianças dependentes da maconha e do crack. Trata-se de uma sequência de gerações consumidas pelas drogas. Avós, mães, pais e filhos herdando um pecado original adquirido ao provar a primeira tragada. Pessoas que perdem a referência do que é família; pessoas que estão entregues a má sorte que a droga escolher.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O conhecimento nos liberta da ignorância


Hoje uma alma foi salva. Assistindo a um programa que exibe shows de artistas, vi a apresentação de  um cantor forte, negro e com uma voz fascinante que, por seu talento imensurável, me paralisou. Embora estivesse sem muito ânimo para TV, aquela voz foi me envolvendo tanto que tive de ficar ali contemplando aquele artista. Uma e outra música e fui achando algo familiar. Sabia que em algum momento já havia escutado tamanho talento.
O show era acompanhado por uma bela orquestra e a plateia não esboçava muitas reações. Pareciam estar extasiados com o talento daquele cantor. Todos eram coadjuvantes perante o artista que se apresentava. Mesmo esperando avidamente por alguma informação, nada aparecia. Somente no final, parecendo adivinhar minha espera, o nome do cantor foi revelado: Barrence Eugene Carter, mais conhecido como Barry White (Galveston, 12 de Setembro de 1944 — Los Angeles, 4 de Julho de 2003). Surgia diante de mim a figura que já havia embalado muitos momentos da minha vida, mas a ignorância, no seu sentido mais original, não me permitiu reconhecer.

Depois de ler um pouco sobre sua trajetória como cantor, percebi que a minha dimensão de ignorância era pequena. Barry White foi considerado um dos precursores da disco music e é recordista de vendas com mais de 100 milhões de discos vendidos. Graças a esse programa, nesse momento, há menos uma pessoa desinformada no mundo.

Para aqueles que continuam sem saber de quem se trata e achando valer muito a pena compartilhar essa experiência, segue abaixo a música Just the way you are cantada por Barry White. A canção foi tema de Carolina Ferraz (Vanessa Rios) e Floriano Peixoto (Inácio) na novela Estrela Guia. Bem a novela... mas a trilha sonora foi caprichada, além da música citada tinha também Zeca Baleiro e Elis Regina.


Texto e um ouvido eternamente apaixonado: Luciana Rodrigues

domingo, 17 de julho de 2011

O Brasil perdeu de 4 x 0


Depois de dois tempos de um futebol sem gols e uma prorrogação sem ânimo, o Brasil enfrentou o próprio Brasil nos pênaltis. Começou batendo para impor respeito, no entanto, o que aconteceu foi uma série de cobranças dignas de pena, passando bem longe do respeito.
A cada cobrança, os jogadores brasileiros pisavam na grama ao redor da marcação do pênalti, preparavam o terreno, mas para a grama, coitada, pareciam pisar com desdém. Sabia que iam culpá-la. Ela seria xingada de grama paraguaia, sem talento para ser grama e que havia sido comprada pelos hermanos argentinos para ferrá-los. Bastava ver as cenas para imaginar os próximos capítulos lamuriosos.
A grama não falava português. O Brasil não falou futebolês. A desgraça estava feita.
Chutando pênaltis como quem arremessa paralelepípedos, cada cobrador maltratou a coitada da bola. O Brasil sai da Copa América goleado por ele mesmo. Parafraseando um certo alguém: “Nunca na história ( futebolística) desse país...”. uma sequência de cobranças chegou ao limite da construção civil. Lembrei dos arremessos de tijolos nas obras. O servente joga para o pedreiro e grita: lá vai!
Antes da Copa América, a imprensa já havia, mais uma vez, eleito o sucessor de Pelé. Neymar estava na capa das principais revistas brasileiras e sorria para as lentes das câmeras fazendo firulas na hora do treino. Falou-se muito do cabelo do jogador, esqueceram de lembrá-lo da importância também do futebol. Neymar, sequer, foi escalado para bater o pênalti salvador. Na hora da glória abre-se os braços e aceita as bajulações. Na hora do vamos ver...cadê? Mais um detalhe a ser lembrado: jogador sozinho não ganha jogo.
O Brasil sai dessa Copa América com grandes lições. A imprensa vende jornal e revistas e exagera muitas vezes pra conseguir isso. Os jogadores devem lembrar da tal humildade.Os jogadores, ou o time todo, ouvem que são bons, aliás, ótimos, e acreditam. Acreditam tanto que esquecem de jogar. Depois culpam o gramado; voltam para medir se as traves têm a metragem correta ou foram adulteradas; culpam  até a pobre da Jabulani . Na hora de enfrentar os repórteres, escapam para seu mundo protegido. Nesse capítulo trágico chamado Copa América, depois da derrota, só Robinho, alguém já calejado pelo futebol, teve coragem de encarar e falar com a imprensa.
O torcedor, comprador de revistas e jornais, quer ouvir o que o time tem para falar. Embora o “grande” feito não possa ser alterado, os repórteres representam o povo e só perguntam o que o povo quer saber. Então mais pé no chão e bola na rede.Depois da derrota, não adianta reclamar.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Corre que a novela começou!

No Brasil, as novelas foram integradas à cultura popular de tal forma que boa parte da sociedade não sabe viver sem elas. O povo espera os capítulos da ficção ,não como um mero entretenimento, mas como um complemento de suas vidas , uma espécie de autorrealização por meio da ficção.
O belo é explorado nas mansões, nos carros importados, no figurino e nos artistas. O fascínio provocado pela união de tudo isso, faz dessa “vida” televisiva algo mais interessante do que a vida real. Nas novelas, problemas sociais como a fome e a miséria não compõe o cenário da maioria. Boa parte do público que liga a TV para ver os capítulos da trama de aventuras já vive cotidianamente esses problemas. Essas pessoas estão atrás do belo, que muitas vezes se esconde do destino que elas suportam.
 Um novela para fazer sucesso não basta ter atores bonitos, atrizes sedutoras e mansões. Para que o folhetim tenha sucesso, um bom enredo precisa ser criado e bem desenvolvido. O público , muitas vezes, assiste cinco novelas por dia e ,de tanto assistir, sabe diferenciar o que agrada ou não.
Para fazer sucesso, uma boa novela precisa ter de cara uma boa abertura. Essa será sua marca. Uma boa chamada silencia, cria impacto e fica gravada na cabeça do telespectador a ponto dele largar tudo após ouvir a TV do Vizinho indicando o início de mais um capítulo.
Pensando no sucesso de algumas telenovelas listarei algumas aberturas inesquecíveis.


 Abertura de Vale Tudo


Abertura de Rainha da Sucata


Abertura de Deus nos Acuda

Abertura de Tieta

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Cores, cores e Romero Britto


No mundo faltam cores. Não porque elas não existam, mas porque a pressa da correria urbana nos impede de ver. No meio desse caos monocromático que nos guia, surge a obra do artista plástico Romero Britto.
Brasileiro, nascido em Recife, Romero Britto, mesclando influências cubistas a sua produção artística, criou uma arte própria, cheia de cores e alegria. Hoje, suas obras estão espalhadas pelos cinco continentes e é considerado um dos artistas mais conceituados da arte pop de seu tempo. 

 As tintas que dão vida as suas produções trazem também algo contagiante que emana vida e alegria. Não tem como não se encantar com a presença de dois elementos tão em falta em nosso dia a dia. Talvez esses sejam os segredos que contagiam gente de todos os cantos do mundo.

Quadros, bolsas, perfumes e até mesmo carros servem de telas para seus trabalhos. Depois de participar da campanha da famosa Vodka Absolut, ganhou um maior reconhecimento, o que fez com que mais tarde seu nome fosse associado a outras marcas e produtos.
Romero Britto não é um artista apenas de galerias e museus. Produz algo moderno, vivo e  atual. Para muitos críticos, o marketing estaria mais próximo de seu trabalho do que a arte propriamente dita. Para outros críticos, embora tenha quadros na casa de celebridades como Madona e Arnold Schwarzenegger, suas produções transcendem o espaço fixo da parede de alguns poucos endinheirados e conseguem chegar mais próximo de todos por meio dos produtos que se unem a sua arte.

A popularização do trabalho artístico não desmerece o talento de Romero. A arte não é exclusividade de poucos.  A arte é universal. Cada artista sabe o que é bom para sua arte e para seu bolso. Não sejamos hipócritas em achar que todo artista deve andar com um pires na mão mendigando ajuda para sobreviver. Qual o problema em se ver arte na embalagem de um produto? As boas exposições artísticas acontecem em praça pública, em lixeiras, em qualquer lugar. O suporte é detalhe. O que faz a arte ser Arte é a emoção que ela consegue transmitir. E por falar em emoção...as obras de Romero Britto entendem bem o que é isso.
 Homenagem à presidenta Dilma

Texto e muitas cores e cores: Luciana Rodrigues

domingo, 10 de julho de 2011

Esse post é muito especial!

Quero agradecer a todos do site Obervatório da Imprensa por publicarem um texto escrito por mim.
Imagino que o número de textos enviados seja considerável, graças à importância e à credibilidade de vocês.
O texto foi escrito com toda a minha certeza de ter feito a escolha certa: Sou JORNALISTA! E muito feliz por causa disso. Sem dúvida um bom começo e um ótimo estímulo.

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/um-show-de-horror

Texto e emoção nada contida e modesta: Luciana Rodrigues

A inocência e a Ditadura



Os anos de chumbo da Ditadura Militar marcaram a história do Brasil e, por isso, não podem ser esquecidos. Escritores, historiadores, cineastas ,vez ou outra, apresentam produções resgatando esses tempos difíceis. Em 2006, mais uma produção cinematográfica abordava a Ditadura Militar, tratava-se do filme O ano em que meus pais saíram de férias. Agora, o leitor deve estar se perguntando: mas por que assistir mais um filme sobre esse tema, se ele já parece tão batido e desgastado? Começo respondendo que vale a pena.
O filme em questão conseguiu desenvolver um roteiro maravilhoso que não se exaure dando voltas em tornos de clichês e histórias já contadas. A história de Mauro, um garoto deixado pelos pais na porta da casa do avô poderia ser apenas mais uma narrativa envolvendo militares e estudantes contestadores. Mas não é. Cheia de um olhar infantil, desconhecedor dos fatos reais, o filme não faz uma denúncia do que já foi denunciado. Mauro é deixado pelos pais que tiraram “férias”. O papel do filme é nos presentear com um olhar novo, de alguém que passa a entender a metáfora das férias com o passar do tempo e a ausência dos pais.
A promessa feita pelos pais de que voltariam na copa de 70 faz das férias um tempo cronometrado  e gerador de uma esperança que move o garoto Mauro ao longo do filme. Ele mesmo representa um pouco da metáfora dos brasileiros. Depois de abandonado, vivendo uma situação difícil, revolta-se; depois, aprende a viver de outra forma, mas com esperança na mudança.Volta a sorrir, desespera-se; sorri novamente. Uma situação bem parecida com a dos brasileiros perseguidos, Mauro também sofre um exílio. Não está mais em seu lar e sente a falta de sua antiga vida. Aliás, vale a pena refletir sobre o conceito de exílio mencionado no final do filme.
Serve também para ilustrar por que somente a mãe volta no final. A copa de 70 e a paixão do garoto pelo futebol de botão e pela seleção brasileira fizeram com que ele esquecesse por alguns momentos do abandono dos pais. Era uma alegria gratuita dele e de muitos outros espalhados pelo país. Mauro começa a história criança e termina “adulto” já entendendo o que estava acontecendo no Brasil. O seu sonho de completar o álbum da copa de 70, depois de algumas revelações, talvez tenha perdido um pouco o brilho.
Qual o olhar da criança diante das cenas que envolvem cavalos partindo para cima de manifestantes? O que pensar ao ver jovens apanhando do exército? Por que eram presos? Os pais que foram obrigados a deixá-lo também estavam passando por isso? Sem dúvida, um choque de realidade. Mais uma vez o filme dá espaço para um pouco do lúdico. Mauro sai do meio dessa turbulência salvo pelo goleiro de várzea, seu grande herói.
A Ditadura Militar contada pelos olhos de uma criança. Essa era a grande missão do filme O ano em que meus pais saíram de férias. O resultado foi muito bom. Uma obra bem amarrada. Nada cansativa. Engraçada. Recomenda até para aqueles que não aguentam mais ouvir falar em obras sobre a Ditadura. Esse filme traz a renovação das expectativas. O novo pode brotar até de assuntos batidos.

Textos e elogios aos atores,produção, direção e tudo que for ão: Luciana Rodrigues