quinta-feira, 23 de junho de 2011

Um show do Tom e Horror

Todos os dias, casos de agressões a professores e alunos são registrados nas escolas e delegacias. Em um país que não respeita devidamente seus professores, que não os remunera bem, que deixa alunos e mestres expostos ao tráfico de drogas dentro de escolas e tantas outras condições desfavoráveis a uma boa educação, agressões e violência não chegam a ser novidade.
São muitos os problemas relacionados à educação e, todos nós sabemos, pelo menos na teoria, o que a afligem educadores e estudantes. Desvios de verbas para a compra da merenda, carteiras quebradas , a falta de material de trabalho e ,claro, a má remuneração dos professores. Nada é novidade, nem mesmo a violência dentro das escolas, seja ela pública ou particular.
O programa Altas Horas, do apresentador Serginho Groisman, desde 2010, desenvolve uma campanha contra o Bullying. A ideia surgiu depois que Felipe Matos, que estava na plateia do Altas Horas, narrou as diversas formas de agressões que sofria na escola. Surgia a campanha Altas Horas contra o Bullying. Uma atitude louvável que faz um bom uso de uma concessão pública que é a televisão.
Segunda-feira feira, dia 13 de junho de 2011, enquanto descansava um pouco a mente depois de horas de estudo, resolvi ligar a TV e zapear os canais a fim de encontrar algo BOM. Comecei a assistir o Show do Tom e o quadro intitulado Revoltados, uma paródia de Rebeldes, uma novelinha exibida no SBT e também pela rede Record. Depois de assistir ao quadro, eu, professora, cidadã e estudante de Jornalismo, tive vergonha.
O programa que retrata uma escola parece não ter um redator. Parece ser improvisado dentro do mais baixo nível de insultos e palavrões. Os alunos agridem verbalmente o diretor-professor que revida as ofensas com mais ofensas. Em um dos momentos de horror, o diretor pede que uma das alunas agrida uma colega de classe com três pancadas na cabeça e depois que os outros alunos arremessem algo também. Qual a função social disso tudo? Alguém com o mínimo de esclarecimento consegue ver humor em tudo isso?
Em outro momento uma aluna, interpretada por Tom Cavalcante, chefia o jogo do bicho dentro da escola. Os alunos começam a apostar no veado e dizem que é em homenagem ao professor. O professor pede 60% de tudo o que for arrecadado para que o jogo continue. A aluna diz que se ele continuar importunando chamará sua gangue para resolver o problema.
Outro detalhe importante: um dos personagens da paródia de horrores é interpretado por Tiririca, deputado federal mais votado do Brasil, nas eleições 2010, e que integra a Comissão de Educação e Cultura. Educação? Cultura? Isso mesmo. Para aqueles que pensam que voto de protesto serve para alguma coisa. Agora já estão sabendo para que serve.
Depois de rever o vídeo para ter certeza que não estava ouvindo e vendo errado e depois de escrever esse texto, sinto-me enojada. O mínimo que um programa deve ter é um roteirista e uma direção que filtre certas imbecilidades.
Parabéns ao Altas Horas pela sua campanha contra o Bullying que tem contribuído com a ampliação dessa discussão tão importante. Não se esgotando aqui essa discussão, assim espero, termino o texto lembrando uma outra escolinha com frases bem mais inocentes e mundialmente reconhecidas como engraçadas, cito uma frase do personagem Chaves dita toda vez que alguém errava alguma pergunta do professor Girafales na escola: “Que burro da zero pra ele!” É assim que vejo o “humor” praticado nesse absurdo televisivo.Uma pena, o humor já teve funções bem mais nobres do que incitar a violência.

sábado, 18 de junho de 2011

Entrevista com a professora Amanda Gurgel.


Entrevista concedida pela professora Amanda Gurgel no auditório do Liceu Piauiense, antes de iniciar sua palestra sobre as  péssimas condições da educação pública no Brasil.
Luc- Amanda, o que você sentiu quando foi aplaudida no programa do Faustão?
Amanda- Independentemente de ser no Faustão ou em qualquer outro lugar, é saber que as pessoas estão compreendendo melhor a causa da educação e sobretudo os professores que,  muitas vezes ,são mal interpretados quando reivindicam seus direitos, quando reivindicam uma educação de qualidade para a população de baixa renda.
Luc- Na internet você ficou famosa  por causa de um vídeo postado no youtube. Depois de sua fala as pessoas que estavam na assembleia  falaram o que para você? Os professores acham que você é um mártir da educação?
Amanda- Vieram me parabenizar pelo o que eu tinha dito e o povo continua me cumprimentando por onde eu passo. Mas, assim, os alunos me recebem dessa forma: mártir, herói, celebridade, mas nenhum rótulo desse me serve e não serve para a educação pública. Serve para que esse evento de luta e batalha seja também a sua luta, a sua batalha para que as transformações aconteçam.
Luc- Muitas vezes o professor é invisível para escola e para os alunos, você percebeu alguma diferença na forma de te enxergarem?
Amanda- Os alunos  tem formas bem peculiares, são crianças ou pré-adolescentes e ainda não entendem a importância desse debate. Eles acham que a professora está famosa e agem com naturalidade. Não existe nada de extraordinário na reação deles.
Luc- Você pretende se candidatar a algum cargo nas próximas eleições?
Amanda- ainda não tive muito tempo de pensar nisso porque eu estou muito envolvida com esse combate para a educação. Então, ainda não tive tempo para pensar.
Algumas fotos do evento:


Entrevista feita com um celular dual chip e fotos com um máquina de outra pessoa que não eu: Luciana Rodrigues

Palavras sábias de Luíssa!

Voltando a escrever depois de um tempo longe. Perdão aos que acompanham o blog, mas o final de período na UFPI tem me obrigado a escrever e ler muito. Resumindo: um sufoco. Um sufoco que escolhi e que faço porque adoro meu curso. Em breve, todos os textos estarão por aqui, logo após o fim do período.
Hoje, em Teresina, acontecerá uma palestra com Amanda Gurgel. Exatamente! A professora do post abaixo. Estarei lá e trarei novidades. Antes,deixarei com vocês um texto escrito por minha amiga poeta-escritora-professora Shenna Luíssa.
 

carta aos professores

para Amanda Gurgel

O mundo não cabe nas minhas mãos. Nem mesmo o país, ou meu estado cabem nas minhas mãos. Talvez, se eu me multiplicasse - miraculosamente - minha cidade coubesse em minhas mãos. Mas, sendo uma, o que me resta é minha casa e a profissão que escolhi pra mim. Vejo estudiosos a discutir métodos, técnicas, teorias que fogem às cores reais dessa tela cansada da educação. Vejo nossos dirigentes perdidos em sua tarefa de solucionar tais questões. E me vejo de mãos atadas, solta, largada, com a missão de salvar o futuro, enquanto meu presente perece todo dia. Não foi essa missão que escolhi. Não basta apenas dom, vontade... Não basta amor pela profissão... Professor é gente com necessidades, anseios, desejos... e amor: aos livros, aos estudos, aos alunos. Mas não apenas isso. A gente quer viver, não apenas sobreviver. A gente quer sonhar e poder realizar e não apenas envelhecer sem ver outros sóis. A gente quer ter esperança de fazer acontecer e não apenas tê-la e fim. A gente quer viver e ser professor.
Shenna Luíssa