sábado, 30 de abril de 2011

Vizinho cultural

Escrevo essas mal traçadas linhas para revelar que ninguém merece um vizinho sem noção. Nesse momento, ouço um show do Admastor Pitaco que meu vizinho faz questão de compartilhar com todo o condomínio. Sei que ele lá no fundo é uma boa pessoa, pelo menos espero. Mas será se um dia ele deixará a “semnoçãosisse” e se lembrará que a cultura admastoquiana não interessa a todo mundo?

Hoje, talvez tenha sido um dia triste, afinal ,essa criatura já assistiu e eu, ouvi , dois shows de humor. O primeiro era bem didático e ensinava toda a cartilha dos palavrões que um embrião-criança-adulto-idoso jamais conseguiria aprender sozinho em vida sem a ajuda da tecnologia educativa. O segundo tem as paródias "inéditas" do Adamastor.

Vizinho tem umas coisas estranhas. Vizinhos tem repertórios musicais estranhos. Recentemente em um desses eventos musicais que mesclam vários estilos, cantarolava as músicas de uma certa banda famosa de forró. Então, minha amiga perguntou: " Lu, tu não disse que não gostava dessa banda?" É tinha dito. Mas tinha esquecido de dizer que nos 10 Cds já lançados, minha vizinha tinha curado pelo menos umas 10 dores de cotovelo ouvindo todos. Eu era testemunha auditiva e havia aprendido as letras.Vizinho também é cultura, embora não se possa escolher qual.


Um dia, um vizinho me perguntou por que não tinha escolhido uma profissão que desse dinheiro, assim eu compraria um carro. A parada de ônibus era longe, o sol de Teresina, ao meio dia, frita o juízo de um cristão e ele me vem com uma dessas. Confesso que a resposta que dei a ele não envolvia nenhuma palavra proibida aos ouvidos mais santos, mas ele nunca mais falou comigo; coisa que sinto falta até hoje, mas trato drasticamente com ajuda de terapia. Nesse momento de reflexão, chego a conclusão que se tivesse ouvido o show de humor, recheado de palavrões, não estaria precisando da terapia. Mas por outro lado, talvez estivesse precisando de um par de dentes.Vai se saber!

Ps: Ele começou agora um terceiro Dvd.
Ps: Graças a Deus moro apenas no segundo andar. Pulando, no desepero, no máximo, arranho o joelho.

Texto e, apenas, pensamentos "bons": Luciana Rodrigues

sábado, 2 de abril de 2011

"O que será que será?"

Lendo o livro Sociologia Geral, de Reinaldo Dias, encontrei algo que concordo plenamente. Foi dito no século XIX por Karl Max e nunca foi tão atual quando o assunto é a escolha da profissão. 


"Um fato ocorrido quando dos seus 17 anos, no ginásio da cidade onde nasceu, Trèves, demostra o que seria a vida futura do jovem Marx. Seu professor mandou-o dissertar sobre o tema: 'Reflexões de um jovem a propósito da escolha de uma profissão'.
Em sua dissertação, Karl desenvolveu duas ideias que deveriam acompanhá-lo por toda a vida. A primeira era a ideia de que o homem feliz é aquele que faz os outros felizes; a melhor profissão, portanto, deve ser a que proporciona ao homem a oportunidade de trabalhar pela felicidade do maior número de pessoas, isto é, pela humanidade. A segunda era a ideia de que existem sempre obstáculos e dificuldades que fazem com que a vida das pessoas se desenvolva em parte sem que elas tenham condições para determiná-la. E como não podemos determiná-la, só conseguimos aguentar a pressão provocada por qualquer trabalho se gostarmos do que fazemos."


Max deveria ser lembrado por todos os jovens no momento da escolha profissional. Deveria ser lido também por muitos país que azucrinam os filhos com frases ameaçadoras e injustas, determinando que no mundo inteiro só há espaço para médicos e advogados. Alegam que os filhos escolhendo outras profissões passarão fome.O que não sabem ou até talvez saibam e por pura infelicidade  pessoal continuam a insistir, é que a maior de todas as fomes é a da felicidade. Quem não gosta do que faz, apenas faz! Isso nao torna ninguém mais vivo, pelo contrário.

Texto e barbas de molho: Luciana Rodrigues

A saúde pública está doente


O Globo Repórter do dia primeiro de abril bem que poderia ser mentira. Falando sobre a deficiência no atendimento prestado pelos hospitais públicos, mostrou não a novidade, já que boa parte dos brasileiros a conhece bem de perto. A utilidade do programa está em não deixar o assunto esquecido. Conhecer, infelizmente, não é suficiente. Mostrar e criticar, mais uma vez, é importante para não parecermos acomodados.
As imagens mostraram uma ficção real cheia de esqueletos de construções de quase hospitais e uma população e suas dores. O direito à vida não é respeitado, aliás nenhum direito é respeitado. Mães que choram filhos vivos, que imploram para dar-lhes vida, agora dependendo não de um útero, mas de uma UTI.

Dores levadas para casa sem atendimento. Famílias que choram mortos em meio a dúvida do talvez estivessem vivos, caso recebessem atendimento decente. Assim é a rotina dos brasileiros que não têm plano de saúde.
Médicos trabalhando com muita vontade e sem nenhuma estrutura. A única estrutura parece ser a emocional. Suportar o que suportam é para heróis. Os médicos também têm família e não deixam de ter pais, mães e filhos quando exercem essa bela profissão.Continuam humanos, porém um pouco mais do que isso, graças a Deus. Encarar a vida já não é fácil, aceitar a morte por falta de condições de trabalho é muito mais do que terrível.

Há também médicos desumanos que tem a audácia de culpar os pacientes por estarem doentes. Médicos que chegam atrasados, que trabalham mais de 200 horas por semanas e com semanas inexistentes de 10 dias. Ganham para estarem em 3 lugares ao mesmo tempo. Talvez pensem realmente ser Deus. Talvez seja a falta de caráter aliada a uma cobiça desumana por dinheiro.
Pacientes, famílias, os bons médicos, todos sofrem. É uma rotina de filme de terror. Infelizmente, aos desligarmos a TV, ela continuará a existir e, enquanto milhões em verbas continuarem sendo desviadas, essa realidade assombrará os mais necessitados, os pobres que não curam suas dores e voltam para casa sem deixarem de sofrer.

As charges abaixo falam sozinhas:
E todos sofrem...
E o problema continua...
Textos e estetoscópio de caracteres: Luciana Rodrigues.